Trilhas exploratórias da Serra Geral

Cachoeira da Bailarina

Se a partir de Formosa, na verdade um pouco mais a leste, você dirigisse na BR-020 no sentido sul-norte, veria por centenas de quilômetros uma insistente e consistente serra, não muito proeminente em termos absolutos, mas certamente imponente. Companhia inseparável até o Piauí. É a Serra Geral, o Espigão Mestre.

Essa cadeia de morros ergue-se ao longo de grande distância e sempre na divisa dos estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Bahia e Piauí. Ela divide também duas importantes bacias hidrográficas, Tocantins e São Francisco. Com tanta importância geográfica, não teria sido atoa a ideia antiga de que o Espigão Mestre formasse a espinha dorsal do Brasil.

Concentrando-se apenas na porção goiana da serra, onde é denominada Serra Geral de Goiás, e olhando mais de perto as protuberâncias de 900 metros em média, notam-se pequenos e profundos vales entrincheirados com matas fechadas. Contrastam com as lavouras planificadas do topo, lá no alto do chapadão, e com os pastos e cerrados ao longo do vale que desemboca na não tão distante serra do Paranã.

Terra das cachoeiras gigantes e intermitentes

O Espigão é casa de veraneio para cachoeiras enormes, que aparecem por lá nos meses chuvosos da Primavera e Verão. Conta um vendedor da cidade de Vila Boa – GO que um sujeito rico certa vez sobrevoou a região em Janeiro e, abismado com a quantidade de cachoeiras, prometeu voltar para desenvolver o turismo. Mas voltou com o rabo entre as pernas quando percebeu que pouca coisa sobrevivia aos intermináveis Agostos do Centro-Oeste. De fato, é comum viajar pela BR-020 entre Julho e Setembro e passar por cursos d’água secos ou com pouquíssima água.

A última contagem apontou no mínimo 40 cachoeiras na Serra Geral, a maioria desconhecida e sem um nome dado pelos locais. E apesar da sazonalidade, elas não perdem a grandeza. Especialmente num veraneio qualquer de Fevereiro, caminhar nos leitos que conduzem às cachoeiras quase sempre implica em observar florestas intensamente verdes confinadas por morros e água caindo de paredões imensos. É caso do Vale do Calango, já publicado aqui no blog, ou então da Cachoeira da Bailarina (foto acima).

A Cachoeira do Macaco é outro exemplo claro das cachoeiras altas que a região abriga. Figurinha carimbada por quem anda pela BR-020, é possível avistá-la já da rodovia, apesar de que até há alguns anos inexistiam fotos ou relatos sobre ela.

Terra das cachoeiras médias e… perenes?

Dizem que alguns córregos por lá esticam um pouco mais a temporada de água. É o caso da Cachoeira do Registro que, segundo um morador local, não seca. Não é muito alta, mas certamente bonita. Dois pequenos córregos caem lado a lado num mesmo poço.

Abaixo uma imagem da belíssima Cachoeira Buritis. E assim como a do Registro, dizem ser perene. Lá também há a formação de cachoeiras próximas entre si.

Exploratórias do Vale da Sombra

Um dos maiores vales da região é o que, por falta de nome prévio, denominamos de Vale da Sombra (por conta de uma nuvem que cobria a região na época do mapeamento). Alcançamos apenas duas das 3 ou 4 cachoeiras que existem por lá. O córrego principal é o Maomé, que junta as águas de uns quatro tributários menores. É talvez um dos locais onde mais encontramos cobras, vivas ou mortas.

A Cachoeira do Vale da Sombra, do Maomé ou ainda do Paraíso (essa última reivindicada pelos moradores locais), fica no fundo do vale, no final de um percurso que pode demandar um dia inteiro. É alta e com poço pequeno. Pode não secar completamente, mas o nível d’água fica bem reduzido.

As Cachoeiras do Maomézinho ficam em outras parte do mesmo vale. São 2 ou 3 consecutivas, menores que a anterior e com poço mais largo. O leito é raso e um pouco mais fácil de alcançar.

Um pouco mais sobre a região

  • A Serra Geral é assim: plano em baixo, plano em cima. Em baixo, pecuária; em cima, agricultura. Além de todos os efeitos negativos que essa pressão pode ocasionar, é de se esperar que em geral a região seja de fácil acesso (embora algumas exijam um dia inteiro de caminhada em leito);
  • A serra como um todo é cheia de cavernas. Terra Ronca, por exemplo, fica ali no extremo nordeste, aos pés do Espigão.
  • No corredor entre Serra São Domingo e a Serra Geral de Goiás, existem várias formações rochosas com potencial para escalada.

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