Vale do Calango recebeu esse nome em virtude do formato do vale, que lembra vagamente um calango. Situa-se ao longo da enorme Serra Geral, o Espigão Mestre, fazendo companhia a outras inúmeras reentrâncias das redondezas. O vale tem cerca de 10km em seu maior eixo e perfaz uma área considerável, abrigando no seu interior o grande córrego Tabocas, pequenas áreas de cerrado e pastagens que avançam todo ano.
A parte mais alta da Serra Geral, a exemplo do que ocorre em praticamente toda a sua extensão, desde Goiás até Piauí, é palco para centenas de lavouras as mais diversas e motivo de preocupação para quem consome a água lá em baixo. Nesse ponto específico, a parte alta chama-se Chapada da Vereda Comprida: de lá caem pequenos regatos que vão descendo a serra até formar o Tabocas. Na época da primeira expedição, no entanto, a água parecia bastante saudável.
A cachoeira do Calango fica em um dos sub-vales, no maior tributário do Tabocas. Um vale estreito, com paredões rochosos a mostra. Extraordinariamente bonito. O final do vale é marcado por uma divisão: para um lado a portentosa Cachoeira do Calango; para o outro, a quase sempre seca Cachoeira da Calanga.
No caminho da bifurcação para o Calango o cenário fica ainda mais bonito. Pequenas cachoeiras vão surgindo. Plataformas planas de rocha convidam para um camping confortável, sob os paredões que pouco a pouco parecem revelar uma grande cachoeira logo adiante.
A cachoeira do Calango é na verdade uma grande cascata, com águas caindo sobre degraus. Quando chegam lá em baixo dão de cara com uma parede, formando um corredor estreito e molhado com os respingos da queda. Não tem poço significativo, mas o que tem é bastante frio.
A fazenda Boqueirão praticamente tampa o vale, e é particularmente difícil obter autorização para entrar. Não fosse a ajuda de uma fazenda vizinha, jamais teríamos conseguido. Mas convenhamos que com o avanço das pastagens, essas duas vezes talvez tenham sido as últimas.